Aprecie, Saboreie e Deguste, a nossa Cultura!

Pense num prato de enchidos e de bons queijos tipicamente portugueses. Ou numa boa carne de forno. Ou um fresco peixe na grelha. Já está a salivar?

É natural. Portugal tem muito para nos oferecer. E nada combina mais com portugalidade gastronómica do que um bom vinho.

Em Portugal, o vinho é tradição, é história, é cultura. O vinho faz parte de nós e, desde que bebido com moderação, é um prazer sem igual. Inale os aromas, tome-lhe o corpo, desfrute dos seus sabores complexos. Venha daí. A história do vinho em Portugal é longa. Muito longa. Mais antiga do que o próprio país. Os registos apontam para o ano de 2000 AC: consta que foi por aí que os Tartessos plantaram a primeira vinha em Portugal, entre o vale do Tejo e o vale do Sado. Fenícios, gregos e romanos desenvolveram a cultura da vinha, tornando-a um ícone do poder do Império Romano, que tomou conta da Península Ibérica. Lembra-se do Baco da mitologia romana? Era o deus do vinho, das festas, do prazer e da folia. O filho de Júpiter condensava em si toda a ideia de lazer. Já nesse tempo, o vinho era apontado como um complemento civilizacional, essencial à vida mundana.

No século XII, com a fundação de Portugal em 1143, D. Afonso Henriques faz a doação de várias terras onde o cultivo da vinha era obrigatória, tendo ganho relevância económica. Os Descobrimentos reforçaram esse crescimento. O vinho era a moeda de trocas nos intercâmbios comerciais com os povos do Oriente e do Brasil, para onde se dirigiam as caravelas portuguesas que partiam de Portugal. A assinatura do Tratado de Methuen, em 1703, em que a Inglaterra concedia a Portugal um regime especial, permitiu o desenvolvimento da indústria vinícola. É em 1756 que, por decisão régia do Marquês de Pombal, é criada a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, a quem incumbia a fiscalização da qualidade do vinho, a fixação dos preços e de regras à produção. É nesse mesmo ano que se inicia o processo de demarcação da região de produção dos vinhos no Douro, uma das primeiras regiões demarcadas do mundo.

As doenças e pragas, como o míldio e a filoxera, arrasaram a vinha portuguesa no século XIX, que ganhou um novo impulso já no século XX, com a regulação do sector e a demarcação das regiões de produção de vinhos: Madeira, Moscatel de Setúbal, Carcavelos, Dão, Colares e Vinho Verde.

A criação do movimento cooperativo associado foi muito importante no desenvolvimento na fileira vinícola portuguesa e mantém-se no presente. Este remonta à década de 40- 50 do século passado para corresponder á necessidade de agrupar os interesses de milhares de pequenos e médios produtores de Vinho de forma a obterem-se economias de escala na vinificação, comercialização e distribuição, permitindo a conservação de todo um manancial de cultura vínica que durante décadas originou vinhos com características organolépticas muito próprias.

Com a entrada de Portugal na então Comunidade Económica Europeia, em 1986, opera-se uma verdadeira transformação no sector tendo sido mais uma vez as Cooperativas um vector fundamental na modernização da fileira vinícola. Alteraram-se os métodos de produção, tendo sido aproveitados fundos comunitários para modernizar as adegas e reconverter as vinhas. O diretório comunitário levou à criação das chamadas áreas de Denominação de Origem Controlada e à classificação qualitativa do vinho. Foram criadas comissões vitivinícolas regionais e o Instituto da Vinha e do Vinho.